Após tensas negociações, Estados Unidos e China concordaram em reduzir tarifas de importação, sinalizando uma possível trégua na acirrada guerra comercial. O acordo, ainda que temporário, é visto como um primeiro passo importante para um entendimento mais amplo.
As reuniões de negociação resultaram em uma redução nas tarifas de importação impostas por ambos os países por um período de 90 dias. Atualmente, produtos chineses enfrentam uma alíquota total de 30% ao entrarem nos Estados Unidos, enquanto produtos americanos pagam 10% para ingressar na China.
Para Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV/Ibre e sócio da BRCG Consultoria, o acordo representa um avanço, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Segundo ele, as negociações sinalizam uma mudança no perfil da representação americana, com a saída de negociadores mais radicais da gestão Trump.
"Não tem nenhum lunático sentado à mesa e isso parece ser um grande avanço em relação ao debate que a gente tinha no último mês." disse Lívio Ribeiro.
Ribeiro aponta que a escalada na guerra comercial, intensificada após o aumento das tarifas de importação dos EUA contra a China, praticamente inviabilizou as relações comerciais entre os países.
O pesquisador compara o momento atual a uma "primeira valsa", indicando que ainda haverá muitas rodadas de interação entre os países. Ele acredita que as negociações podem levar a um acordo similar ao Acordo Fase 1, estabelecido em 2020.
"Esse avanço ocorreu e ele é importante, mas ele não é tão sólido. É a primeira valsa, vamos chamar desse jeito." aponta Livio Ribeiro.
Apesar do otimismo cauteloso, Ribeiro adverte que o acordo não abrange todas as categorias de produtos e que ainda há muitos pontos a serem discutidos. Ele ressalta a importância de não concentrar toda a análise nesse primeiro avanço, que, embora relevante, ainda não é definitivo.
Em sua análise, a estratégia de Trump de impor tarifas para negociar não obteve o sucesso esperado, principalmente devido à retaliação chinesa. Ribeiro destaca que a China está mais sólida e preparada para enfrentar esse tipo de choque.
Para o Brasil, a trégua comercial pode ter um impacto ambíguo. Por um lado, diminui o risco de uma enxurrada de produtos chineses no mercado brasileiro. Por outro, dificulta o uso do canal externo como um vetor desinflacionário na economia.
*Reportagem produzida com auxílio de IA